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RENACE

REDE NACIONAL DE CANTEIROS EXPERIMENTAIS

A RENACE foi idealizada em 2023 a partir de estímulos do II Seminário de Canteiros Experimentais em Escolas de Arquitetura e Urbanismo, realizado presencialmente no Rio de Janeiro no início do mesmo ano. Em junho realizou sua primeira reunião - a distância - com objetivo de organização deste III Seminário e I Encontro Nacional de Canteiros Experimentais.

 

Desde então, é formada por 40 canteiros experimentais de escolas de arquitetura e urbanismo e espaços livres de formação no campo da construção civil democrática. Estes coletivos é que realizam a convocação para sua fundação em assembleia presencial, como atividade do primeiro encontro, na noite de 28 de maio, a se realizar em São Paulo, SP. ​ ​

 

 

Justificativa da formação de rede e realização do evento

A atual demanda por escolas de arquitetura e urbanismo capazes de formar profissionais com a compreensão da indissociabilidade entre o ensino do projeto e o da construção, tem provocado – ainda que em número reduzido se comparado ao número de faculdades de arquitetura do Brasil – a criação de ambientes e lugares propícios para a síntese entre os canteiros de obra e as pranchetas, denominados “Canteiros Experimentais”. O caráter experimental destas iniciativas possibilita ações, pedagogias, projetos, investigações, pesquisas, ensino e aprendizagem não hegemônicos. Deste modo, livre dos compromissos do mercado - e o trabalho alienado - colados à realidade de demandas pela produção de mercadorias, o ensino nos canteiros experimentais geralmente evolui para processos de autonomização e de emancipação daqueles que o vivenciam.

 

Surge, assim, a necessidade premente de redefinir não apenas a estrutura institucional que impulsiona tais mercados, mas também os métodos e táticas de atuação no campo da concretização, visando a criar mudanças respaldadas por novas estruturas e relações laborais nos canteiros de obras. Um caminho possível é a reaproximação com o lugar da construção, com os canteiros, e com os trabalhadores destes canteiros – detentores da prática da produção real da arquitetura. No convívio, a troca de saberes ocorre naturalmente. Mas, para além da simples troca, uma práxis se faz possível quando o lugar oferece oportunidade de tentar algo novo, de se pensar sobre o que se faz e – principalmente – as ações de projetar e de se construir acontece junto. Se a hipótese em questão é a possibilidade de emancipação ao trabalhar junto, este “se colocar junto” figura, então, como estratégia.

 

No ensino da arquitetura e do urbanismo, é imperativo que tais canteiros incorporem uma compreensão aprofundada do panorama atual, direcionando esforços para fortalecer o desenvolvimento social.

 

É nesta perspectiva que um Canteiro Experimental Aplicado à Arquitetura e ao Urbanismo se revela como um agente transformador de grande relevância, exercendo impacto tanto na sociedade que o acolhe quanto no coletivo de discentes e docentes que nele operam. O canteiro, assim, como lembra Reginaldo Ronconi sobre o Canteiro Experimental da FAU USP,

“Trata-se, portanto, de um espaço que talvez forneça a primeira oportunidade para que valorizem algumas de suas ferramentas intelectuais já esquecidas e, também, para retomar o sentido natural para a produção do conhecimento. As aquisições intelectuais não ocorrem pelos estudos de regras e leis – como por vezes se crê –, mas pela experiência”. (RONCONI, R. L. N. O canteiro experimental e a formação do arquiteto e urbanista. in: MOASSAB, A. (org); NAME, L. (org). Por um Ensino insurgente em arquitetura e urbanismo. Foz do Iguaçu: EDUNILA, 2020)

Faz já cinquenta anos que professores de arquitetura no Brasil, e no mundo, têm experienciado o ensino da arquitetura e do urbanismo através deste tipo de vivência pedagógica, com atividades práticas, materiais, físicas e construtivas, além das atividades teóricas do desenho e do projeto. Há, de modo geral, um entendimento que estes conhecimentos – o pensar projetual e o fazer construtivo – são complementares e interdependentes, ou até indispensáveis ao ensino da arquitetura e do urbanismo, já que a arquitetura e o urbanismo – objeto e produto fim das escolas – são espaços existentes na realidade, são físicos, são materiais e construídos pelo trabalho humano.

 

Para tanto, uma das estratégias adotadas para o evento é de realizar diálogo mais próximo – presencial – com representantes de experiências de canteiro experimental profícuas à partir de estímulos diretos do Prof. brasileiro, Sérgio Ferro, na França: trata-se dos “Grands Ateliers”, localizado em Villefontaine, próximo a Lyon, região sudeste da França. É a maior infraestrutura tecnológica/pedagógica de vivências do trabalho prático de produção de arquitetura existente, e atende a 14 escolas do país. Ali atua com experiências práticas de arquitetura o laboratório de pesquisa e extensão com atuação internacional mais ampla na área da habitação e do patrimônio, chamado CRAterre, reconhecido pela UNESCO como tal, por atuarem nos cinco continentes. Professor deste grupo, Thierry Joffrey, estará presente no encontro para intercâmbio cultural, com a participação em oficinas de práticas construtivas e de métodos de ação junto a movimentos populares. Do mesmo modo, representante da escola de arquitetura do Perú, a PUC, associada ao CRAterre também estará presente a debater métodos e estratégias da práxis.

 

No Brasil, experiências pedagógicas nesse sentido datam dos anos 1970, sendo realizadas em Campinas, no estado de São Paulo e depois em diversas outras escolas. Há registros iniciais de seu aparecimento em Santos, Taubaté, São Paulo, Piracicaba, dentre outras. Outros estados também o fazem, de modo autônomo e isoladamente até, graças a intencionalidade de professores com visão parecida. Por vezes os canteiros experimentais são criados por meio de diálogos e trocas entre professores de diferentes faculdades, mas ainda assim, esses contatos são realizados de modo espontâneo, sem que haja alguma forma organizada de interação. Nesse sentido, de modo a potencializar esse encontro e a necessária troca entre as experiências é que um dos objetivos do presente evento é a criação de uma rede destes espaços com tais características. Ao mesmo tempo, o evento busca sensibilizar a comunidade acadêmica do campo de ensino da Arquitetura e Urbanismo para que mais escolas também tenham tais práticas em seus currículos, bem como a infraestrutura necessária para sua realização. Vale lembrar que o espaço e a prática pedagógica em tela no presente evento constam nas diretrizes curriculares de ensino da arquitetura e urbanismo nacional.

 

Ao final, espera-se que os profissionais formados nesses espaços de encontro do desenho com o canteiro, pela práxis, possam ser melhores profissionais, mais entendedores da arquitetura enquanto matéria construída, com peso, densidade, textura, dureza e realizada por trabalho humano, físico, a fim de que possam realizar projetos mais belos e conscientes do importante fator da "construtibilidade" das coisas, e o respeito solidário e inclusivo dos conhecimentos dos construtores.

 

Coadunando com os objetivos do presente encontro, é notório que no ano de 2022 o CAU/SP tenha realizado uma campanha em favor da melhoria da qualidade do ensino da arquitetura e urbanismo e uma das bandeiras levantadas foi a da necessidade da presença de canteiros experimentais nas escolas. A própria realização desse encontro com âmbito nacional, demostra o grau de maturidade que o tema é tratado no país.

 

Em síntese, a abordagem do Canteiro Experimental, permeada pela interação, participação e reflexão, configura-se como um caminho promissor para a construção de cidades mais resilientes, socialmente justas e intelectualmente enriquecedoras. Ao adotar esta perspectiva, não apenas se erigem novas estruturas físicas, mas se forja uma mentalidade mais consciente e sustentável. O canteiro experimental, ao explorar e fortalecer a ideia de universalização dos usos da arquitetura e construção, contribui para a universalização dos conhecimentos. Essa abordagem visa não apenas o fortalecimento da arquiteta e do arquiteto como indivíduo autônomo e detentor de suas ideias, mas também a formação de profissionais com plenitude de conhecimentos por meio da vivência construtiva coletiva. Em suma, a experiência no canteiro experimental se configura como um componente indispensável para a formação integral do arquiteto, permeando aspectos teóricos e práticos e promovendo uma compreensão mais profunda e menos alienada das dinâmicas arquitetônicas e construtivas.

Comissão Científica

  • AKEMI HIJIOKA (Instituto Federal de São Paulo - IFSP)

  • ANALIA MARIA MARINHO DE CARVALHO AMORIN (Escola da Cidade)

  • CONRADO GONÇALVES CARVALHO (Instituto Federal Fluminense - IFF)

  • DANIEL MAROSTEGAN E CARNEIRO (Universidade Federal da Bahia - UFBA)

  • EDUARDA ALBERTO (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

  • FABIO FERREIRA LINS MOSANER (Universidade Federal do Pernambuco - UFPE)

  • FERNANDO CESAR NEGRINI MINTO (Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Rio de Janeiro)

  • FLÁVIA LARANJEIRA (Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN)

  • FRANCISCO TOLEDO BARROS DIEDERICHSEN (Universidade de São Paulo - USP)

  • INGRID GOMAS BRAGA (Universidade Estadual do Maranhão - UEMA)

  • JOSÉ EDUARDO BARAVELLI (Universidade de São Paulo - USP)

  • JOÃO MARCOS DE ALMEIDA LOPES (Universidade de São Paulo - USP)

  • LUCIANA BONVINO FIGUEIREDO (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

  • LUIZ EDUARDO AZEVEDO MODLER (Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS)

  • MARCOS MARTINEZ SILVOSO (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

  • MARIA INÊS SUGAI (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)

  • MURAD JORGE VAZ (Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR)

  • NATÁLIA LELIS (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas)

  • NAUÍRA ZANARDO ZANIN (Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS)

  • RAFAEL HANZELMANN (Universidade Santa Úrsula - USU)

  • RICARDO SOCAS WIESE (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)

  • REILA VARGAS VELASCO (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

  • SERGIO FERRO (École Nationale Supérieure d'Architecture de Grenoble - ENSAG)

  • SILKE KAPP (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG)

  • THAIS CRISTINA SILVA DE SOUZA (Instituto Federal de São Paulo - IFSP)

  • THIAGO MELO GRABOIS (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

 

Comissão de Organização

  • ALEXANDER YAMAGUTI

  • ALEXANDRE AUGUSTO MARTINS

  • ANA WEGNER

  • ARTHUR PERA

  • BEATRIZ TEMTEMPLES

  • CLAUDIA TERESA PEREIRA PIRES

  • CHRISTIAN ALMEIDA CAMPOS DO NASCIMENTO

  • CONRADO GONÇALVES CARVALHO

  • DANIEL MAROSTEGAN

  • EDUARDA ALBERTO

  • FABRÍCIO PIMENTEL

  • FERNANDO MINTO

  • FILEMON TIAGO

  • FLÁVIA LARANJEIRA

  • FRANCISCO BARROS

  • GABRIEL RODRIGUES DA CUNHA

  • HELENA PORTELA

  • HUGO MATOS

  • IAGO RODRIGUES OLIVEIRA

  • INGRID BRAGA

  • IZABEL NASCIMENTO

  • JÔNATAS DE SOUSA SILVA

  • JOSÉ AUGUSTO BESSA JÚNIOR

  • JOSÉ EDUARDO BARAVELLI

  • LUCAS CAMPANA

  • LUCAS SABINO DIAS

  • LULA MARCONDES

  • MARCOS SILVOSO

  • MARIA AGRACIADA

  • MARIANA GUARNIERI DE CAMPOS TEBET

  • MATHEUS ALVARENGA

  • MURAD JORGE MUSSI VAZ

  • PATRÍCIA CORDEIRO

  • PAULA REGINA DA CRUZ NOIA

  • RAFAEL HANZELMANN

  • RICARDO SOCCAS

  • RODRIGO ROCHA

  • ROBERTO E. DOS SANTOS

  • SASQUIA OBATA

  • THAIS CRISTINA SILVA DE SOUZA

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